Sancionada por Lula, a nova lei reconhece o Carnaval de Pernambuco como manifestação da cultura brasileira e institui o Dia Nacional do Brega. Do Galo da Madrugada ao Homem da Meia-Noite, das ladeiras de Olinda ao sertão de Triunfo — a alma do Brasil é nordestina e está mais viva do que nunca.

Foto: Arquimedes Santos/PMO
Por John Lima
Na última quinta-feira (22), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou uma lei que deve entrar para a história da cultura brasileira. Em um mesmo ato, o governo federal reconheceu oficialmente o Carnaval de Pernambuco como manifestação da cultura nacional e instituiu o Dia Nacional do Brega, que será celebrado todo 14 de fevereiro.
A proposta que cria o Dia do Brega é de autoria do deputado federal Pedro Campos (PSB-PE), e a que reconhece o carnaval pernambucano partiu da senadora Teresa Leitão (PT-PE). Ambas aprovadas pelo Congresso e agora sancionadas, as medidas não são apenas simbólicas — são um marco de valorização da identidade cultural do Nordeste.
E que identidade!
Falar do carnaval de Pernambuco é falar do maior bloco de carnaval do mundo, reconhecido pelo Guinness Book: o Galo da Madrugada, que arrasta milhões pelas ruas do Recife no sábado de Zé Pereira. É falar das orquestras de frevo que se multiplicam entre as ladeiras de Olinda, acompanhando dos bonecos gigantes que encantam adultos e crianças com sua irreverência e criatividade e que posso deixar de citar o mais famoso dos calungas: o Homem da Meia-Noite, ícone da cidade e símbolo da resistência cultural.
O reconhecimento se estende também ao Agreste, com os tradicionais Papangus de Bezerros e os enigmáticos Caiporas de Pesqueira. E vai até o Sertão, onde os Caretas de Triunfo mantêm viva uma das expressões mais autênticas do carnaval interiorano brasileiro.
E o brega? Ah, o brega… Ritmo nascido das periferias, marginalizado por décadas e agora, finalmente, elevado ao seu lugar de direito. O brega é sentimento. É o som que embala amores e sofrências nas rádios comunitárias, nos paredões, nos palcos e nos corações.
A lei é um reconhecimento tardio, mas justo. E mais do que isso: é um recado claro de que o Brasil precisa valorizar suas expressões populares com políticas públicas, investimentos e respeito. Cultura não se mede apenas pelos aplausos dos teatros, mas pela batida do surdo, pelo passo do frevo e pela lágrima que escorre ao som de Reginaldo Rossi.
Pernambuco está em festa. E o Brasil, mais rico.
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