No Brasil, estima-se cerca de três mil mortes por engasgo a cada ano. Enfermeira fala sobre os sinais e como agir com adultos e crianças
Foto: Divulgação
O engasgo é uma situação mais comum e perigosa do que parece. Dados mostram que o problema é responsável por cerca de três mil mortes anuais no Brasil, atingindo indivíduos de todas as faixas etárias, especialmente bebês e idosos. Segundo o Ministério da Saúde, somente em 2023, pelo menos 2.000 pessoas perderam suas vidas por se engasgarem com algum alimento ou objeto.
Seja um adulto distraído durante a refeição, uma criança que coloca um brinquedo pequeno na boca ou até mesmo um bebê durante a amamentação, em momentos assim, cada segundo conta. Por isso, saber como agir em casos de engasgo pode ser a diferença entre a vida e a morte.
Sinais
De acordo com a enfermeira e facilitadora do Centro de Simulação da Faculdade Pernambucana de Saúde, Claudiane Ventura, é preciso reconhecer os sinais de engasgo (parcial ou total). “Em uma obstrução parcial, será possível observar tosse eficaz, respiração ruidosa ou dificultada, vítima consciente e responsiva. Já na total, a incapacidade de falar, tossir ou respirar; Tosse silenciosa ou ausente; Cianose (lábios e unhas azuladas); Mão no pescoço (gesto universal de sufocação) e possível perda de consciência”, detalha.
Manobra de desengasgo
Nesses casos, a profissional explica que se a vítima estiver consciente e tossindo, o recomendado é incentivá-la a tossir com força e não realizar a manobra de desobstrução. Caso a tosse seja ineficaz ou a vítima não conseguir respirar, é de extrema importância realizar a técnica de desengasgo, conhecida como manobra de Heimlich. “É um procedimento de primeiros socorros que ajuda a desobstruir as vias aéreas em casos de sufocamento. Ela deve ser aplicada por qualquer pessoa treinada, mesmo que não seja profissional da saúde”, afirma Claudiane.
- Como fazer a manobra de desengasgo em adultos e crianças maiores de 1 ano:
1. Verifique se a pessoa realmente está engasgada (se ela não consegue falar, respirar ou tossir);
2. Fique atrás da pessoa, posicione os braços ao redor da cintura;
3. Feche uma das mãos em punho e posicione-a logo acima do umbigo e a parte inferior do esterno (osso do meio do tórax);
4. Com a outra mão, segure o punho e faça movimentos rápidos para dentro e para cima, como se estivesse tentando levantar a pessoa ou desenhando um “J”;
5. As compressões devem continuar até que o objeto seja expelido ou a criança comece a tossir ou respirar normalmente.
Atenção! Em gestantes e pessoas obesas, o protocolo muda. “Não devem ser realizadas compressões abdominais e sim torácicas. Posicionando-se atrás da vítima, colocando as mãos no centro do esterno (meio do peito), para fazer compressões rápidas e firmes para dentro, evitando a barriga”, alerta.
- Como agir em bebês (até 1 ano):
1. Deve-se segurar o bebê de bruços, apoiando o rosto na mão e o corpo no antebraço, mantendo a cabeça ligeiramente mais baixa que o tronco, apoiando o antebraço sobre a coxa para estabilidade.
2. Com a base da palma da outra mão, dar cinco batidas firmes e rápidas no meio das costas, entre as escápulas (omoplatas) e depois verificar se o objeto foi expelido.
3. Se o objeto não for expelido, o bebê deve ser virado de barriga para cima, mantendo-o com a cabeça mais baixa que o corpo.
4. Em seguida, com dois dedos (indicador e médio), localizar o meio do peito, na linha imaginária entre os mamilos e realizar cinco compressões rápidas e suaves, pressionando cerca de 4 cm de profundidade.
5. As cinco batidas nas costas e cinco compressões no peito devem continuar sendo alternadas até o objeto ser removido ou a ajuda médica chegar.
“Em todos os casos, caso haja a perda da consciência, a reanimação cardiopulmonar (RCP) deve ser iniciada e chamada ajuda médica (192 - SAMU) imediatamente”, finaliza Claudiane.
Capacitação
Todos devem estar atentos e podem procurar locais para se aprofundar nesta e em outras técnicas de primeiros-socorros, de forma prática. No Centro de Simulação (CSim) da Faculdade Pernambucana de Saúde, os treinamentos de primeiros-socorros são realizados, em adequação com a Lei Lucas, visando tanto prevenção como aplicação de técnicas de socorro em cenários simples e complexos, em um ambiente seguro e livre de riscos.
Informações sobre cursos e treinamentos de primeiros-socorros: 81 7335-5465 (whatsapp) | @csimfps (instagram).
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